quinta-feira, 30 de junho de 2011

declaração do riso da terra


em 2001, o palhaço xuxu (aka. luis carlos vasconcellos) idealizou e produziu o festival mundial do circo, em joão pessoa (pb). o evento reuniu mais de 1500 palhaços de todo mundo, e gerou a declaração do riso da terra (se eu começar a encher muito o saco com esse negócio de palhaço, me avisem, que lhes dou um cascudo):

Carta da Paraíba

Quando os deuses se encontraram
E riram pela primeira vez,
Eles criaram os planetas, as águas, o dia e a noite.
Quando riram pela segunda vez,
Criaram as plantas, os bichos e os homens.
Quando gargalharam pela última vez,
Eles criaram a alma

(de um papiro egípcio)


Palhaços do mundo uni-vos!

Vivemos um momento em que a estupidez humana é nossa maior ameaça. Palhaços não transformam o mundo, quiça a si mesmos.

E nós, palhaços, tontos, bobos, bufões, que levamos a vida a mostrar toda essa estupidez, cansamos.

O palhaço é a expressão da alegria, o palhaço é a expressão da vida, no que ela tem de instigante, sensível, humana. Alegria que o palhaço realiza a cada momento de sua ação, contribuindo para estancar, por um momento que seja, a dor no planeta Terra.

O palhaço é a única criatura no mundo que ri de sua própria derrota, e ao agir assim, estanca o curso da violência. Os palhaços ampliam o Riso da Terra.

Por esse motivo, nós, palhaços do mundo, não podemos deixar de dizer aos homens e mulheres do nosso tempo, de qualquer credo, de qualquer país: cultivemos o riso.

Cultivemos o riso contra as armas que destroem a vida. O riso que resiste ao ódio, à fome e às injustiças do mundo. Cultivemos o riso. Mas não um riso que discrimine o outro pela sua cor, religião, etnia, gostos e costumes.

Cultivemos o riso para celebrar as nossas diferenças. Um riso que seja como a própria vida: múltiplo, diverso, generoso. Enquanto rirmos estaremos em paz.

João Pessoa, 2 de dezembro de 2001

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um passeio pelo Discovery Channel..


Já não aguentava mais estudar para aquela prova de fármaco... Decidi parar um pouco: fui na cozinha, preparei um lanche (com atum é claro), o suco de laranja com gominho, e me deitei espaçosamente no sofá da sala pra assistir qualquer coisa que estivesse passando...

Parei com os cliques do controle remoto quando me deparei com um programa na discovery channel: Mundos Perdidos com Les Stroud. Fiquei curioso com aquela resenha sobre um grupo nômade da Malasia que vive até hoje da pesca. Na hora nem pensei o quanto aquilo ali me faria refletir depois...

O apresentador do programa ( que depois acabei descobrindo que é um premiado diretor de cinema) permaneceu durante alguns dias junto a toda aquela cultura diferenciada, não sabia falar o dialeto, não sabia pescar, não tinha idéia sobre orientações marítimas. Mesmo assim, os nativos apenas por gestos corporais conseguiam aos poucos ensiná-lo sobre o modo de viver harmoniosamente aquele ambiente...

Dali a meia hora já estava de volta à minha alienação de estudos parasitológicos e nem me lembrava mais do programa assistido...

Alguns dias depois, em uma conversa com um amigo ( daquelas que a gente viaja pelo mundo sem sair do lugar), estávamos conversando sobre superioridade, inclusão social e trabalhos voluntários pelo país quando tentávamos chegar a alguma conclusões, do tipo, o que seria um convite a inclusão social para uma comunidade tribal?

Seria discriminar! Sem duvida alguma!

É o mesmo que dizer que somos o centro do mundo e são os outros que tem de nos seguir. “ Seja como eu, sou rico, tenho uma faculdade, tenho um carro! Quer vida melhor? Viva como eu! ”

Fiquei pensando em como existe uma visão deturpada sobre o que é ajudar uma comunidade carente. Percebi que muita gente, às vezes inconscientemente, gosta de ajudar quem precisa pois esta situação a faz se sentir superior. Repare: “ Ele precisa de mim, ele não seria nada se eu não estivesse aqui”. Sinceramente, este tipo de pensamento é digno de quem cria filhotes de primatas, estes sim não saberiam se criar sozinhos...

Saber ajudar com seus conhecimentos adquiridos a partir de sua educação é uma coisa, mas saiba sempre que os conhecimentos adquiridos daquela tribo também serão tão importantes quanto os seus, afinal, mesmo que você nunca tivesse nascido, eles continuariam existindo e se perpetuando sem sua permissão!

Pra completar, nossa conversa se aprofundou um pouco mais. Interessante pensar que mesmo com ideologias tão diversas, costumes tão variados, nações tão distantes uma das outras, aquele episódio do Discovery me fez relembrar que todos nós temos a mesma capacidade de raciocinar, ou seja, se eu pegasse um bebê de um pescador de uma ilha da Malásia e o colocasse para se educar no Brasil em uma escola típica de são Paulo, essa criança com certeza teria capacidade de aprender as mesmas coisas que eu. Assim como se eu tivesse me criado por nômades do outro lado do Pacífico com certeza teria a capacidade de aprender as mesmas coisas que eles ( talvez ainda até mais magro) .

Posso concluir a cada dia que somos muito mais parecidos do que imaginamos. Nascemos sabendo disso, agora cabe a nós, adultos conscientes não deixar que isso se perca.

Um lembrete para o próximo texto:

Saber que os outros podem pensar muito mais que você pode te incomodar a ponto de fazê-los passarem fome ? ( pense um pouco na educação do Brasil ).