em 2001, o palhaço xuxu (aka. luis carlos vasconcellos) idealizou e produziu o festival mundial do circo, em joão pessoa (pb). o evento reuniu mais de 1500 palhaços de todo mundo, e gerou a declaração do riso da terra (se eu começar a encher muito o saco com esse negócio de palhaço, me avisem, que lhes dou um cascudo):
Carta da Paraíba
Quando os deuses se encontraram
E riram pela primeira vez,
Eles criaram os planetas, as águas, o dia e a noite.
Quando riram pela segunda vez,
Criaram as plantas, os bichos e os homens.
Quando gargalharam pela última vez,
Eles criaram a alma
(de um papiro egípcio)
Palhaços do mundo uni-vos!
Vivemos um momento em que a estupidez humana é nossa maior ameaça. Palhaços não transformam o mundo, quiça a si mesmos.
E nós, palhaços, tontos, bobos, bufões, que levamos a vida a mostrar toda essa estupidez, cansamos.
O palhaço é a expressão da alegria, o palhaço é a expressão da vida, no que ela tem de instigante, sensível, humana. Alegria que o palhaço realiza a cada momento de sua ação, contribuindo para estancar, por um momento que seja, a dor no planeta Terra.
O palhaço é a única criatura no mundo que ri de sua própria derrota, e ao agir assim, estanca o curso da violência. Os palhaços ampliam o Riso da Terra.
Por esse motivo, nós, palhaços do mundo, não podemos deixar de dizer aos homens e mulheres do nosso tempo, de qualquer credo, de qualquer país: cultivemos o riso.
Cultivemos o riso contra as armas que destroem a vida. O riso que resiste ao ódio, à fome e às injustiças do mundo. Cultivemos o riso. Mas não um riso que discrimine o outro pela sua cor, religião, etnia, gostos e costumes.
Cultivemos o riso para celebrar as nossas diferenças. Um riso que seja como a própria vida: múltiplo, diverso, generoso. Enquanto rirmos estaremos em paz.
João Pessoa, 2 de dezembro de 2001